A verdadeira magia do voleibol

Ah, as meninas do vôlei... Não poderia começar texto algum sem estufar o peito e suspirar sobre as tais jogadoras. Logo na entrada do ginásio Lauro Gomes, em São Caetano do Sul, é possível ver as largas arquibancadas e as riscas da quadra azul e laranja. No centro dela, as elogiadas jogadoras se preparam para o que estava por vir: a decisão do Campeonato Paulista feminino de voleibol.
As longas pernas se mexiam dentro de pequenos shorts procurando o bom alongamento antes da partida. Sentadas no chão, elas esticam a perna mais alto que a cabeça, cruzam os braços, fazem flexões. Tudo com uma facilidade extremamente impressionante para um adepto do sedentarismo. A rotina já cansativa para as atletas parecia servir também para aumentar o nervosismo pré-decisão, já que algumas pareciam inquietas em volta da quadra.
Mesmo assim, era evidente a alegria das atletas em praticar o voleibol. O sorriso no rosto das jogadoras, as brincadeiras com o técnico de jeito durão e a ajuda mútua entre elas tiravam da disputa o aspecto de decisão. Assim, mesmo com o início da partida, o clima era de disposição e alegria.
Da arquibancada, era possível ver a expressão no rosto das meninas, todas lutando bravamente pelo título. De um lado, o experiente Finasa/Osasco de Luizomar de Moura. Do outro, o surpreendente São Caetano/Mon Bijou de Antônio Rizola. Confesso que estive mais ao lado das jogadoras de São Caetano, não sei se por serem evidentemente mais fracas e isso requerer mais torcida ou por querer ver a decisão ir para o terceiro jogo – isso porque o Osasco venceu a primeira na chamada "melhor-de-três" e se o time da casa vencesse, adiaria a decisão.
O jogo, aliás, começou morno demais para uma decisão. Enquanto o primeiro set foi todo de Suelle, Karin e Nine do São Caetano, o segundo foi completamente de Paula Pequeno, Carol Gattaz e Valeskinha do Osasco. No terceiro, porém, o jogo pegou fogo e foi avançando em disputas ponto a ponto, sem que nenhuma das equipes abrisse vantagem. Mesmo assim, os anfitriões conseguiram somar-se a torcida e faturaram o set.
Contudo, quando o São Caetano tinha tudo para fechar o jogo e levar a decisão para sábado, novamente em casa, o time não teve tranqüilidade suficiente e perdeu. Assim, no quinto set (ou tie-break para os entendidos), o Osasco fez valer a experiência e, apesar da luta incessante do São Caetano, conquistou seu oitavo título estadual, sendo o sexto consecutivo.
No final, enquanto as jogadoras do Osasco davam um banho de água gelada no treinador e interpretavam a "dança do siri" durante as comemorações, a torcida do time da casa – que já tinha de conviver durante a partida com os gritos de "ão, ão, ao, segunda divisão" relativos ao time de futebol – saia cabisbaixa. É, mesmo sabendo que o importante é competir, não é fácil ver metade das meninas do vôlei deixando a quadra com os olhos vermelhos.

A musa – Os suspiros destinados às meninas do vôlei na decisão do Paulista feminino não mereceriam abrir este texto e nem sequer ganhar uma retranca como esta caso ela não estivesse em quadra. Vestida com a camisa azul do Mon Bijou e com os cabelos levemente loiros fortemente presos, a ponta Suelle literalmente embelezava a quadra do Lauro Gomes.
Natural de Curitiba (claro que tinha um "quê" de Paraná, eu sabia!), a atleta de olhos claros do São Caetano, além disso tudo, ainda foi um dos destaques da equipe no torneio e na partida. Porém, a antes sorridente Suelle passou a adotar uma cara mais fechada e menos ensolarada ao final das disputas. Mesmo assim, não deixou de atender aos repórteres ali presentes com a característica simpatia.
Passado o choque, deixou a quadra com as companheiras, a quem dedicou um forte abraço após o final do jogo. Com os olhos marejados, saiu provavelmente para não assistir à comemoração do Osasco. Mesmo assim, sem o título, ainda vale o conselho: guardem esse nome. Suelle provavelmente vai figurar entre as selecionáveis brasileiras na Olimpíada de Pequim, em 2008.

Links úteis (ou não):
Treinador do Osasco destaca ajuda de vice-mundiais na conquista
Homenagem marca festa do Osasco
Rizola: “Nós somos os verdadeiros campeões”

Nasce a flor

Existem imagens que marcam época e remetem a momentos que, a cada nova lembrança, trazem de volta àquele instante.
Os dedos devidamente entrelaçados e os braços dados compunham a união dos dois naquela noite. Ela, mais feliz do que nunca, esperava por aquilo há algum tempo e por isso o sorriso vinha fácil. Ele também se sentia à vontade perto dela e o contato entre os dois lhe dava segurança.
A rua não era das mais românticas, mas o fato de estarem ali deixava tudo mais especial. O passo tinha um ritmo próprio e apropriado, enquanto a conversa acontecia solta, sem hiatos.
Não sabia se ele correspondia ao sentimento, que já era mais forte que ela. Mas não importava, o bom era estar ali. Para ele, aquela moça fazia bem, mexia com suas impressões. Pois é. Ali começava a Primavera.

autoria: Julio Simões – data: 26/10/06

Só para constar

Sei que o espaço não é para isso, mas confesso que ando meio sem idéia mesmo - vide último post, provavelmente o pior do mundo. Talvez agora que a inspiração está longe pode ser que eu passe a pôr receita de bolos ou letras de música. Ou não.

Enfim, isso tudo foi só pra justificar a minha ausência (física e psicológica), obviamente visível aos olhos do nobre leitor deste espaço. Rezem por mim e por minha criatividade, já bastante abalada com o final de ano/bimestre/mês/salário. Volto logo, prometo.

Ps.: E um brinde aos 500 leitores(as), conseguidos em apenas 45 dias de blog!

O que a falta dela não faz...

- CADÊ ELA? - levantou ele bastante suado, ainda em sonho.
- Ela quem, querido? - respondeu ela, ainda sonolenta e sem ciúmes.
- ELA!
- Pára de gritar...
- Ela se foi...
- Ela quem, meu Deus!
- ...
- Tudo bem?
- ...
- Ei, acorda!
- oi.
- Quem é ela?
- Humgs, humgs...
- Dormiu...

algum tempo depois...

- LÁ VEM ELA!
- zzzz.
- OLHA LÁ!
- hum?
- ELA! ELA!
- Quem? Quem?

E ele, passado o pesadelo, voltou a dormir subitamente e a sonhar com o retorno dela. Ela? Ah, muitos a conhecem como criatividade, mas pode chamar de idéia mesmo.

Minicontos indolores

A rua parecia monótona, como todos os dias. As pessoas na calçada, então, ainda mais chatas. Nada parecia destoar de um dia qualquer. A volta para casa era assim mesmo, sem graça. O fone continuava no ouvido e a atenção longe. Até que, num instante e não mais que de repente, veio “a” idéia.
Nada tinha vindo tão rápido e tão ideal quanto aquela idéia. Pensou em tirar a caneta e o bloco do bolso para anotar, mas achou desnecessário. “É tão boa que não tem como esquecer”, pensou. Dito e feito: a idéia maravilhosa foi-se na velocidade com que havia vindo e, como o papel e a caneta continuaram na bolsa, não foi possível reproduzi-la aqui.
...
O restaurante era vazia àquela hora. Vazio e frio. Enquanto ele combatia o tédio com uma folha de papel, ela buscava o self-service para encarar o segundo turno do dia. Foi então que sentaram frente a frente. Em mesas diferentes, porém. Os olhares pouco se cruzaram, mas uma vez foi suficiente. Ele a convidou para sentar na mesma mesa, ela aceitou.
Entre bate-papos e sorrisos de prazer, combinaram um segundo encontro – o que, convenhamos, é o mais complicado. A partir daí, todos vocês, caros leitores, já podem imaginar o final. Pode parecer um novo caso de amor ou apenas uma propaganda de uma marca famosa de refrigerante de rótulo vermelho. Fica a seu critério.

autoria: Julio Simões - data: 13/11/06

Aos que vislumbram o novo e tem coragem de buscá-lo

Os bravos finalmente chegavam ao ponto mais alto do lugar. Dispostos hierarquicamente, todos carregam o desejo de conquistar e desbravar o interior daquela terra ainda selvagem. À frente, dois homens a cavalo abrem caminho para o restante da expedição. De um lado, o chefe português domava o animal com a experiência de um típico montador. Do outro, o guia indígena alertava para os perigos da traiçoeira trilha.
Logo atrás, o grupo formado por cerca de 20 corajosos trazia as riquezas recolhidas pelo caminho. Dentre eles, estavam índios, negros e portugueses, todos denunciados por detalhes característicos, como a presença da cruz em corpo nu nos nativos já catequizados e de barba nos europeus. Nas costas, o bando trazia a canoa tantas vezes utilizada para avançar pelos rios do interior, tudo em busca dos tesouros que ouviam existir, mas que ainda não haviam sido encontrados.
A união do grupo era visível, uma vez que a tarefa de invadir e conquistar não eram das mais fáceis. Mesmo os que estavam ali por punição ou aprisionamento pareciam estar dispostos a cumprir os objetivos, até para garantir a sobrevivência.
Só que naquele momento, o topo fora enfim alcançado. O desejado parecia estar perto, já que o esforço demonstrado indicava a proximidade da glória. Assim, direcionados no eixo sudeste-noroeste, os heróis bandeirantes seguiam em busca de um único sonho: o mundo novo.

autoria: Julio Simões - data: 09/11/06
[obs.: texto produzido para Português - um dos raros daqui que tiveram utilidade...]

Atualizado dia 21/11: E este texto impressionante-impressionista ganhou 10! Aê!

Só um parênteses

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Gigante pela própria natureza

12h20. A avenida Paulista já estava movimentada, mas o burburinho frente ao prédio da Fnac era maior do que o normal. Alguns jornalistas já se reuniam à espera do convidado. Eis então que aponta do outro lado da rua, na esquina com a alameda Joaquim Eugênio de Lima, uma figura vestida com roupas tradicionais chinesas e de estatura fora do normal.
Corre-corre de fotógrafos, repórteres e curiosos param o conturbado trânsito da mais famosa rua de São Paulo e assistem a passagem de uma jovem moça em cima de uma perna-de-pau, que logo vira foco das câmeras e lentes. Alarme falso. A moça é Ligia Fontes Bento e a pegadinha é do humorístico Pânico na TV.
Na verdade, a figura aguardada era Xi Shun, chinês de 55 anos e longínquos 2 metros e 36 centímetros. Considerado pelo Guiness Book como sendo o maior homem do mundo, Shun está em São Paulo para divulgar o lançamento da edição 2007 do livro dos recordes e era o motivo da apreensão do batalhão de repórteres.
Porém, somente às 12h28 é que Xi Shun deu o ar da graça. Chegou dentro de uma larga van e, acompanhado por assessores pessoais, atravessou a rua até a livraria-café da Fnac. A cada passo amparado por sua bengala de exagerados 1,30 metros, o gigante chinês atraia mais curiosos em procissão. A expressão dos presentes era de espanto, graça e admiração. Tudo ao mesmo tempo.
Também, pudera. O homem calça sapatos de número 57, precisou unir uma cama de solteiro à king size disponibilizada pelo hotel para não ficar com os pés para fora e, apesar da fisionomia magra, pesa 117 quilos. Logo as câmeras amadoras e de celular entraram em ação para registrar o que o livro dos recordes explica em fotos comparativas a pessoas de diferentes estaturas.
Já dentro do pequeno café, o aparentemente tímido chinês começa a demonstrar suas medidas. Coloca a mão larga frente a frente com a de um dos espectadores e faz a festa dos fotógrafos. Autografa alguns livros e é invadido por microfones sedentos por respostas às perguntas como “a altura atrapalha?”, “já jogou basquete?” e até “é difícil arrumar namorada com este tamanho?”. Porém, não vê a brincadeira do programa Pânico com relação à proporcionalidade de sua altura com seu órgão sexual.
Demonstrando exaustão tão grande quanto à dos repórteres presentes – mas nunca deixando de sorrir –, Shun anuncia pelos assessores que vai embora, pouco mais de meia hora depois de chegar. Ainda assina alguns livros azuis e espelhados, atitude que faz a alegria de um grupo de crianças desesperadas por um risco do gigante.
Após novo empurra-empurra, o paciente oriental agüenta mais dez minutos de sessão de fotos na porta da Fnac. “Ele não se incomoda com esta super-exposição?”, pergunto a uma assessora que o acompanhava. “Não, ele lida bem com isso. É super simpático”, responde ela, prestativa.
E, novamente em procissão, a multidão acompanha o gigante e sua bengala até o carro, que já o esperava na calçada. Mais flashes. Principalmente quando o recordista Xi Shun repete a cena que mais está acostumado a fazer: abaixar para entrar e sair dos lugares.

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A moderna fábula de Clara

Clara tinha um sonho. Desde pequena, o ímpeto aventureiro de Indiana Jones e a curiosidade de Tintin a ajudavam a vencer os problemas e aflições. Porém, seu maior desejo era voar. Não apenas pelo prazer de alcançar os céus, mas também para ver o mundo de cima e sentir a liberdade. Ser livre, aliás, era o que desde sempre perseguiu.
Só que como a vida imita a arte e os vilões não existem só na tela, o desejo de Clara acabou sufocado. A dupla Rotina-Conformado, tão malvada quanto Pingüim-Charada foram ao Batman, acabaram por destruir suas vontades. Armados com o esquema “escola-cinema-clube-televisão”, bem cunhado por Renato Russo, a dupla do mal bloqueava Clara.
Mesmo assim, a menina não demonstrava fraqueza e não se deixava contaminar pelo comodismo. Queria voar a todo custo e um dia, enquanto via a cidade pela janela, decidiu se vestir com a capa da coragem e as asas pueris, abriu a porta e jogou-se no mundo.

autoria: Julio Simões - data: 01/11/06

Drops eleitorais

Ok. Tinha até preparado uma foto para caso Lula fosse derrotado no segundo turno, mas como isso não aconteceu - e nem tinha foto alusiva a derrota alckmista (!) - vou postar o "achado" mesmo.
Como se pode ver, a foto é de uma caçamba de construção e foi batida na alameda Santos, ainda antes do primeiro turno. Algum dos 37.543.178 eleitores do candidato do PSDB resolveu fazer uma graça e transformou o simples monte de terra em um túmulo, com cruz (nomeada, inclusive) e flores. Detalhe para a atuação de Pedro "Schumi" Araújo, lamentando o ocorrido.