Eu e o Gordo

(vinheta entra e platéia começa a aplaudir)

Boa noite. Começa agora pela Rede Globo de televisão e pela rádio CBN mais um programa do Jô. Hoje vamos entrevistar um jovem aspirante a jornalista que mantém um blog com pequenas criações literárias e outros "despojos". Julio Simões, vem aqui!


(sobe som do Sexteto, me levanto constrangido e sento ao lado de Jô Soares)

Jô Soares: Uou! (pára a banda) Tudo bem, Julio? Nervoso?
Julio: Tudo bem sim, Jô (dobro a perna). Um pouco nervoso apenas.

JS: Ah, fica tranqüilo. Quer beber alguma coisa? Alex, traz uma bebida para o rapaz aqui.
Julio: Obrigado, Jô. (chega a bebida, uma caipirinha de limão no ponto)

JS: Então. Tô vendo aqui que você tem um blog de relativo sucesso, não? O Despojo?
Julio: É isso mesmo. Não diria de sucesso, mas tudo bem. Se quatro fiéis leitores significar sucesso...

JS: E como é ter um blog?
Julio: Ah, é bem bacana. Dá para escrever praticamente tudo que você acha interessante e que as pessoas gostariam de ler. Ou não.

JS: Mas o que te motiva a continuar com ele?
Julio: Não sei. Ter um blog realmente é como ter um cachorro. Você vai estreitando relações com ele e quando vê, ele já é indispensável no dia-a-dia. Praticamente uma dependência, pelo menos para quem gosta de escrever.

JS: E você tem alguma técnica para escrever? Porque eu só consigo escrever qualquer coisa, seja uma das minhas peças de sucesso ou meus livros que vendem milhões quando sei o final da história...
Julio: Pois é, Jô. Comigo é assim também, tem muita história que fica para trás simplesmente porque eu não sei o final. E aí, sem saber esse 'detalhe', não vai para frente.

JS: Como escolhe os temas para seus contos?
Julio: Ah, não tem muito critério não, viu. São coisas que acontecem comigo ou com pessoas próximas, ou até que eu vejo na rua e me inspiram. O cotidiano, enfim. Bom, alguns textos eu tento passar mensagens implícitas também, mas isso não é uma regra.

JS: E quando decidiu que poderia escrever - e publicar - textos literários?
Julio: Olha, eu nunca gostava de nada que eu escrevia. Achava tudo muito imaturo, sem graça. Até que um dia li umas coisas sobre minicontos e me arrisquei. Tentei de várias formas e uma delas, com o simples nome de História de Amor (?), eu achei que ficou ideal. E fui tentando - e, ao meu ver, melhorando. Aí acabei criando o blog para expor isso, mesmo que para poucos.

JS: Além desse hobby de escrever, tem algo que goste de fazer?
Julio: Ah, tenho gostado bastante de cinema ultimamente, sabe? Eu realmente não sou aprofundado em nada, mas gosto de conhecer várias coisas. E a do momento é o cinema. Tenho planos para isso... Num futuro próximo, quem sabe.

JS: Interessante... (lendo o papel sobre a mesa). Mudando um pouco de assunto: quando decidiu fazer Jornalismo? Conta essa história.
Julio: Ah, nunca tive dúvida. Quando eu era pequeno, Jô, eu até tinha mania de ficar criando jornalecos que eu fazia no computador e imprimia para a família. Tem uma professora minha, inclusive, que se gaba de ter um dos primeiros exemplares meus. Nem eu tenho! E ela sempre diz que vai ser tema de reportagem quando eu for famoso. Depois de me ver aqui, então...

JS: Ih, agora é a hora então. Veja o caso do Bira, por exemplo. Ele veio da Bahia ainda pequeno, mirradinho, coitado. E depois de aparecer aqui foi até homenageado como cidadão de Feira de Santana, né Bira?
Bira: (hoahoahoahoahoa).

JS: Pois é. E é verdade que quase sempre tem problemas com o gravador? Conta isso.
Julio: Olha, não é bem problema. É, como diriam no Big Brother, falta de afinidade. Ele insiste em me pregar sustos. Já passei por problemas como falta de pilhas, de não apertar o botão certo para gravar, vários imprevistos. Mas isso era no começo, hoje até nos damos bem.

JS: Hum... E a sua assumida timidez, influi em algo no Jornalismo?
Julio: (risos). Que mudança brusca de assunto, Jô!
JS: Pois é. Disseram que, em alguns casos, é melhor pegar você de surpresa e ser direto...
Julio: Ah, mas isso não é uma regra. É verdade que em alguns casos eu sou subjetivo nas respostas, mas é característica minha mesmo. Enfim, não acho que a timidez prejudique o Jornalismo, mas atrapalha em alguns outros campos, eu diria.

JS: Campos pessoais?
Julio: É, pode ser. É muito fácil eu ficar acuado diante de alguma situação, queria até que fosse diferente, mas não vai. E eu nem sei como estou falando disso aqui nesse sofá. Aliás, nem sei como cheguei aqui nesse lugar!
JS: Bom, a produção te trouxe, você se arrumou e levantou da platéia quando eu te chamei. Tá lembrado?
Julio: (risos constrangidos) Tô sim, Jô.

JS: Hum, segundo apuramos, você prefere manter sua vida pessoal distante dos holofotes. Qual o motivo?
Julio: Ah, sabe como é vida de celebridade, né Jô? (risos e pausa). É, realmente eu não gosto muito de me expor, acho que é da personalidade mesmo. Até admiro aqueles que são tão abertos para falar sobre eles mesmos sem ligar para o que os outros pensam. Eu não sou assim.

JS: Mas alguns amigos próximos até se queixam que você não se abre sobre coisas muito íntimas a eles. Há um motivo especial para isso?
Julio: Não, Jô. Alguns devem achar que eu não confio, que eu não acredito neles, mas não é isso. Eu apenas prefiro manter as coisas comigo mesmo. Eu já fui bem mais fechado, aliás. Mas é assim mesmo, no final eu acho que eles entendem.

JS: Ah, pediram para perguntar aqui: como está o coração?
Julio: Olha, tá tudo certo. Passei no médico tempos atrás e não acusou nada. Pressão normal, tudo certinho. (risos e pausa, novamente). Enfim, como diz a música, 'a gente vai levando'.

JS: Bom, temos umas mensagens de uns amigos da faculdade, tem alguns deles aqui inclusive... (parte da platéia se manifesta com u-hus!). Vamos a elas. (lê um papel trazido por Alex) "Depois de tanto tempo em São Paulo, ainda tem vontade de voltar para a vida mansa de Promissão?"
Julio: Ah, não sei. Gosto de lá, tenho família e amigos naquele lugar. Vivi 18 anos lá, mas hoje sinto que vou ficar um bom tempo por aqui mesmo. Agora, pelo menos, não penso em voltar.

JS: Ótimo (olha novamente o pequeno papel). Ué? Você torce para o Atlético Paranaense? Por que isso? Você não é paulista?
Julio: (risos). Jô, eu realmente respondo essa pergunta sempre, deve ser uma das coisas que eu mais repito. Mas vamos lá: eu nasci em Castro, no Paraná, e me mudei para Promissão, no interior de São Paulo, com apenas um ano de idade. E quando chegou aquela hora de escolher um time do coração, lá pelos 11 anos, os meus primos e tios de Curitiba me influenciaram e hoje eu torço pelo Furacão. É isso.

JS: Outra pergunta ótima: "onde você quer estar daqui a três anos?"
Julio: Três? Não sei. O que me interessa é saber onde eu vou jantar depois desse programa, que não é gravado de madrugada, viu gente! São, hum (olha o pulso, onde não há um relógio), quatro da tarde agora. (risos)
JS: (cara de quem não viu graça na piada e nem na revelação)

JS: (pega o papel e volta ao assunto) Olha essa aqui: "Qual sua expectativa para o TCC?". O que é isso? Terceiro Comando da Capital? (platéia ri)
Julio: (risos) Pois não é, Jô. É Trabalho de Conclusão de Curso, uma coisa enorme e trabalhosa que você produz durante um ano para saber se no final você está apto a ser jornalista e receber o diploma. Bom, ainda não sei, mas eu e um amigo estamos pensando num tema: jornalismo internacional. É só isso que temos por enquanto, o tema.
JS: É, eu sei o que é TCC. Aliás, eu sei de jornalismo internacional, TCC... de tudo, enfim.
Julio: Ô.

JS: E mais uma: "Que momentos da sua vida foram fundamentais para o desenvolvimento do seu caráter e da sua personalidade?"
Julio: Difícil essa, hein? Enfim, acho que não teve um momento, foi tudo um processo. É assim com todo mundo, acho. Agradeço muito pela criação que tive dos meus pais, acho que foi a ideal, a mais equilibrada. Tanto que vou procurar repetir muitas coisas quando tiver que criar meus filhos.



Bom, conversei aqui com Julio Simões, do blog Despojo... (platéia se manifesta com um ah!) Sim, sim. Também gostei bastante. Obrigado, Julio. Vamos para o intervalo e já voltamos. Solta a vinheta, Willem [van Weerelt, diretor geral]. Beijo do Gordo! (aplausos e sobe som!)

11 comentários:

Anônimo disse...

Graaaande Julio!!
Grande entrevista!!!
Mas dessa da influência dos seus tios de curitiba eu não sabia..

Juliao, um forte abraço ae!!
E finalmente fui o primeiro Fábio a postar!! Alegria!!

Anônimo disse...

Ih, rapaz, tive que assinar o meu sobrenome porque o outro Fábio foi mais ligeiro...

Post GENIAL!

Como diria a platéia do Jô: "ahhhhhhhh..."

Abraço

Anônimo disse...

Dã, esqueci de deixar o linque dos meus pitacos! Agora sim! Abraço.

Anônimo disse...

Revelador. Sensacional.

Anônimo disse...

muito legal, Julio! Talvez o melhor que você já postou aqui!

Diana disse...

Nossa, mas ta bombando de comentários, não?

Olha só, devo dizer que há um erro grotesco nessa entrevista! Vc colocou a foto do Jo Soares, mas o da entrevista era outro não? Não??? Mas desde quando o Jo Soares deixa o entrevistado terminar uma resposta??? Aliás, desde quando a resposta do entrevistado é maior que a pergunta do Jo???
hahahaha

ok, essa foi Diana Szylit para encher o saco!

Anônimo disse...

O sucesso subiu à cabeça. Foi ao Jô e, desde então, não atualizou mais o blog. Lamentável.

Unknown disse...

Acho q fiquei devendo um comentário...

Ótima entrevista!!!
Agora, não precisava mentir neh...
Só quatro fiéis leitores???? rsrs

Anônimo disse...

Lá vai mais um comentário pra mostrar o grande número de leitores desse post... hehe.
Por aqui, como um comentário espontâneo, digo que gostei! Interessante o artifício que vc arranjou pra falar de si mesmo, como que escapando das "fórmulas de diários" e dirigindo a entrevista a si mesmo p/ os campos que mais te interessavam tratar no blog. Incrivelmente, as perguntas do "entrevistador" pareceram fuir bem, e tb vc pareceu bem autêntico nas respostas...
Deve se dar a isso o sucesso deste post: a proximidade que as pessoas sentiram de vc, ao poderem te conhecer um pouco mais... será?

Bom, se é para pensar no que as pessoas gostam de ler no seu blog... continue com a autoexposição então - não necessariamente na forma explícita como foi feita, mas convenhamos que assim é mais fácil de desvendar a mensagem que você quer passar...

Por hora, é só.
um beijo!
PS- me ficou a curiosidade: as perguntas foram feitas antes, ou durante a entrevista?

Anônimo disse...

*ah, gostei da resposta sobre o coração e a comparação do blog a um cachorro... e tb da História de Amor! e tb...

Anônimo disse...

Genial, genial! Se bem que, o dia que for convidado (o que dificilmente acontecerá), vou fazer questão de esnobar esse gordo bobo.