Desalinho

Tenho uma estante em casa. Na verdade, é um canto no corredor da casa que adotei para guardar quase todas as minhas coisas de mão. Gosto de chamar de estante só para parecer que tenho um lugar específico para guardar os papéis, livros e todo o tipo de tranqueira que vai se acumulando com o passar do tempo por ali.

De um tempo para cá, a pilha de papéis da faculdade e apostilas, localizada na esquerda, já não tem para onde cair. Movê-la para recolocá-la no lugar iria requerer um guindaste, no mínimo. Sem contar que isso acarretaria em danos para os inúmeros blocos que eu hospedo ali, além da máquina fotográfica digital e de um Quixote, que se desprendeu da pilha de livros, localizada na direita, e se juntou ao emaranhado.

Confesso que nunca dei muita atenção para a estante. Quase nunca fiz planos para reordená-la. Quando fiz, consegui dar um jeito de adiar. Há um tempo atrás, a função de "maquiar" a estante e fazê-la parecer uma estante era da empregada. Hoje, até ela desistiu.

E tem sido assim nos últimos tempos. As coisas estão ali, acontecem, vão se acumulando e se reordenando. A bagunça ganha vida e apenas é observada pelo dono, que se conforta em pensar que ainda vai arrumar tudo aquilo quando tiver tempo e oportunidade e motivação e vontade. É tudo sempre igual. Toda santa vez que passo ali, tenho a sensação que tem algo em desalinho.

1 comentários:

Anônimo disse...

sabe que a idéia de usar a "estante" (na dúvida de chamá-la estante, uso as aspas) bagunçada para simbolizar sua falta de vontade e motivação foi uma boa saída?

e se isso te serve de consolo, o autor do meu pequeno livro caótico (se lembra dele?)(Hakim Bey) iria se encantar com o CAOS do seu desalinho!

beijo

*relaxa, isso passa! só não deixa se perderem as boas idéias...*