Frame

Foi tudo muito rápido. Lugar escuro, talvez em uma barraca ou algum lugar coberto, pequeno e aconchegante. Não se sabe. Quando a cena começou, ele e ela já estavam juntos, pertos, com as pernas entrelaçadas. Frente a frente.

Um segundo depois já sentiam a respiração um do outro. E mesmo se diziam palavras, estas não foram registradas. Em seguida, a mão dele gruda nela, ela cola nele e a conversa acaba. "Quero você dentro de mim", diz ela. E sobem os créditos.

O diabo e o jornalista-fanfarrão

Nos dois últimos meses, estive frente a frente com dois ídolos meus, um do cinema e outro do jornalismo. Foram encontros casuais, distintos, mas não menos memoráveis. Vale conferir abaixo:

O primeiro encontro aconteceu em uma locadora, durante uma sessão de autógrafos do novo livro do crítico Rubens Ewald Filho. Fui até lá para pegar uns contatos necessários para o meu TCC e, quando menos esperava, lá estava ele: José Mojica Marins, cineasta popularmente conhecido como Zé do Caixão. Mal passou pela porta que dá acesso ao salão e ele já foi cercado. A maioria o cumprimentava pelo desempenho no Festival de Paulínia, onde seu novo filme, Encarnação do Demônio, faturou sete prêmios.

Aos poucos, fui me aproximando de Zé do Caixão para conversar sobre o Cine Marabá, afinal tinha a informação de que ele, por morar perto e por gostar, era um frequentador assíduo da sala, tendo ido até lá ver filmes (fitas, para ele) até pouco tempo antes do fechamento, no fim de 2007. O assédio era tanto que acabei falando apenas com o assessor de imprensa, que esclareceu que Mojica estava com a agenda cheia até o fim do ano por conta do novo filme, mas que poderia marcar um dia para conversar sobre o assunto.

Tudo bem, a situação ali estava complicada mesmo para eu falar com ele sobre um assunto nada a ver com a pauta do dia. Aceitei, anotei o e-mail da assessoria e continuei conversando com meus novos amigos nerds de cinema. Mojica, como bom cineasta de terror que é, soube sumir em um instante, deixando todo mundo com um gostinho de quero mais. Tempo depois, ressurgiu entre as prateleiras cheias de filmes, sozinho. E lá fui eu ao seu encontro.

Ao todo, conversamos durante uns cinco minutos. Apesar da imprecisão da declaração dele, que poderá ser lida no livro-reportagem sobre o Cine Marabá, que será "lançado" no fim de 2008, ele foi bastante simpático. Deu a mão para cumprimentar, e pude perceber as unhas um pouco acima do normal, mas muito abaixo da vista nas telonas. No fim, tiramos uma foto. O fotógrafo, que é presidente de um cineclube sobre 16mm, prometeu me enviar - só não lembro se passei meu e-mail a ele...

Já o segundo encontro aconteceu neste sábado, no Ibirapuera. Aproveitando o sábado de sol e o tédio de ficar em casa vendo Olimpíadas, decidi descer até o parque para conferir a abertura do Bourbon Jazz Fest, festival de jazz caríssimo que, por ironia, faria sua abertura gratuitamente em um lugar público (e cheios de fãs de jazz? posso garantir que não). Cheguei cedo, almocei no restaurante por quilo do parque e fui para o local do show poucos minutos antes do horário.

O espaço, que não era adaptado como o palco do Auditório Ibirapuera (este patrocinado pela Tim, concorrente da Vivo, aquela que bancou o festival), ainda estava vazio. Sentei-me, comecei a brincar com a câmera digital e, quando menos esperava, lá estava ele: Márcio Canuto, repórter popular por falar alto, gesticular como um italiano epilético e fazer reportagens engraçadinhas e/ou de cunho social para a Rede Globo.

Pouca gente sabe, mas Canuto sempre é citado por mim como um exemplo de jornalismo legal. Sim, eu tenho uma leve tendência para gostar de coisas bizarras. Independentemente disso, meu coração palpitou (ó, que poético!) com ele ali, tão perto. Na hora, pensei em levantar, ir até ele e parabenizá-lo pelo trabalho, completando com um "confesso que tenho vontade de seguir essa sua linha quando me formar em jornalismo... faço jornaliso, sabia? estou me formando! não tem nenhuma vaguinha de repórter assistente na equipe, aliás?".

Sonhos à parte, o máximo que consegui fazer foi tirar a câmera, disfarçar que focava no palco e tirar uma foto dele - acompanhado por um estranho x, que também parecia jornalista. Eu sei, você deve estar falando pra si mesmo: " Mas por que você não foi até lá, Julio?!". Simples. Na hora, eu não lembrei o nome dele! Nada, branco total. O máximo que consegui foi achar que era alguma coisa Caruso, mas logo lembrei que Caruso eram os irmãos-cartunistas. Mesmo assim, fiquei feliz em estar cara a cara com aquele que deve ser meu maior ídolo no jornalismo. Se fiquei um pouco frustrado por minha timidez impedir um contato, pelo menos tirei algumas fotos...

Márcio Canuto (à direita) curtindo um jazz e falando baixo

Para conferir mais fotos da tarde no Ibirapuera, do Marabá atualmente e ainda outras sortidas, clique aqui.

De Nova Iorque a Matupá

Embora não seja tão atualizado, o Despojo segue conquistando leitores pelo mundo - nem que eles venham por pesquisas idiotas no Google.



Aí, como eu não tenho nada pra fazer (e adoro esse recurso, o Feedjit, localizado na barra lateral), peguei umas imagens de visitantes de lugares estranhos, no mínimo.



Ou vai dizer que visitar o Despojo no meio do mato, na longínqua Matupá, no Mato Grosso, é normal? Isso sem contar quem acessa o site de Nova Iorque, nos Estados Unidos, ali pertinho da Broadway...



 
Matupá fica a 720km da capital Cuiabá e tem 14.243 habitantes, segundo o IBGE.
 
Nova Iorque, que fica a anos-luz de Matupá, tem 18.976.457 moradores.