Novo jornalismo, velho medo

Em março, comecei minha pós-graduação em Jornalismo Literário. Para quem não sabe, Jornalismo Literário (ou só JL) é uma forma de fazer reportagem com foco em personagens e histórias, usando a descrição e a narração como ferramentas. Pois bem. Amanhã, dou o primeiro passo prático no maravilhoso mundo do JL - o trabalho-pauta inicial, sobre o qual conto outro dia.

Porém, ainda carrego uma grande insegurança jornalística comigo, a mesma desde que comecei a faculdade, cinco anos atrás. Confesso: não sei se, durante uma entrevista, é melhor anotar, gravar ou apenas ouvir o personagem.

Tenho problemas em anotar por conta da baixa velocidade da minha letra e da incapacidade de resumir. Já ouvir requer superar outra limitação: a da memória - e superar o medo de perder algo importante não é fácil, viu! Agora, usar um gravador seria a minha solução... se não inibisse o personagem (e em JL é necessário captá-lo na essência) e não fosse um saco fazer a transcrição depois!

Se tomarmos como exemplo os grandes ícones do JL, como Gay Talese e Truman Capote, fica ainda mais difícil saber o que fazer. Afinal, ambos anotavam poucas coisas durante a entrevista, deixando para lembrar e registrar tudo o que conseguissem mais tarde, quando estivessem sozinhos. E eu, como será que eu faço? Ainda não sei.

2 comentários:

Fábio disse...

Que legal, cara! Boa sorte, e conte mais!

Como sei que não sou Gay Talese nem Truman Capote, faço assim: ligo o gravador, anoto o máximo possível e ouço com atenção. É mais seguro, né? :)

Mané disse...

Faço minhas as palavras do Fábio: parabéns pela pós (que ainda farei, também de JL), mas não se esqueça de contar mais aos leitores. Cásper mesmo?

Do mais, também prefiro gravar, e anotar apenas detalhes - como coisas para perguntar posteriormente ou detalhes do cenário ou do entrevistado. Mas o que Gay Talese e Truman Capote tinham é algo que ninguém está disposto a conceder hoje em dia: licença poética.