Localizadas dentro da galeria do prédio Winston Churchill (o popular prédio da Jovem Pan), na região da Avenida Paulista, as duas salas idênticas - daí o nome, Gemini, que significa gêmeos em italiano - possuem muitas características que os novos complexos cinematográficos não têm. A começar pela história, afinal o Gemini tem 33 anos (1975), enquanto grande parte das salas de shopping não tem nem uma década.
Mas voltemos à qualidade, afinal não é só de carpetes e poltrona que se faz uma boa sala de cinema. A programação, por exemplo, foi considerada uma das melhores da cidade pelo jornal O Estado de São Paulo, em seu Oscar das salas de cinema da cidade. Nesse quesito, o cinema empatou com o também esquecido Cine Arte Lillian Lemmertz - que ainda arrebatou o "prêmio" de pior sala de São Paulo.
O Oscar de melhor programação foi conquistado certamente devido a uma prática pouco adotada por outras salas: a de exibir um filme por horário. Afinal, mesmo tendo apenas duas salas, o Gemini consegue exibir oito filmes diferentes, de comédia a documentário. Nesta semana (14 a 20/11), por exemplo, eu indicaria quatro filmes para quem quiser se aventurar por lá: Na Mira do Chefe, Baby Love, Meu Irmão é Filho Único e O Aborto dos Outros.
O primeiro eu ainda quero ver, mas parece ser engraçado e ganha quatro estrelas em tudo quanto é classificação; o segundo também é comédia, assisti em um Noitão do Belas Artes e posso dizer que vale a pena; já o terceiro é outro que cogito ver em breve, principalmente por causa de uma crítica positiva do Merten; e, por fim, o quarto é um documentário bem construído, que me chamou muita atenção quando esteve em pré-estréia na Cásper Líbero.
Enfim. Se você gosta de bons filmes e repara minimamente no lugar em que está assistindo ao filme, vale a pena conhecer o Gemini. A exibição pode não ser das melhores e a poltrona pode não ter porta-copo, mas mesmo assim vale a pena. Afinal, é fato que há diferenças em ver um filme dentro de um shopping ou em um cinema de calçada. E se nenhum fator exposto até então te convencer a ir até lá, friso que o Gemini vale a visita pela simpatia. Me arrisco a dizer até que, se fosse um personagem, ele seria um velhinho gente boa. Ou oferecer paçoquinha como cortesia antes da sessão não é típico de um ancião bonzinho?