No dia seguinte, nova experiência no vão livre do Masp. O lugar não chega a ser uma sala de cinema propriamente dita, tem barulho de carros e ônibus passando, mas ainda assim é interessante assistir a um filme enquanto o mundo acontece em volta. A chuva que caiu no dia e as crianças presentes (que sempre demonstram as emoções de forma mais verdadeira possível) também transformaram a sessão da aguardada animação nacional Garoto Cósmico em um evento marcante na minha Mostra. E a sessão aconteceu com a presença do diretor Ale Abreu, todo orgulhoso do "filho" que levou sete anos para ficar pronto.
Depois, fui assistir a comédia francesa La Créme, sobre um pai de família desempregado que ganha de Natal um creme mágico que o torna conhecido, praticamente uma celebridade instantanea, com todas as suas vantagens e desvantagens. O filme é engraçado, tem boas sacadas e superou as minhas expectativas, que são sempre ruins quando se fala em cinema frances. O melhor de tudo, no entanto, foi ver que é possível fazer um bom filme com pouco recurso. Basta ter uma grande idéia. Mais uma vez o diretor - o frances Reynald Bertrand, que tambem é responsável pela montagem, pelo roteiro e pela fotografia - esteve presente na sessão e comentou justamente o fato de não ter tido recursos e mesmo assim ter conquistado espaço em festivais, como a Mostra.
No mesmo dia, acabei entrando sem pretensoes na sessao de Pequenas Historias, filme brasileiro de Helvecio Ratton - que esteve na sala para apresentar ao publico sua criaçao, voltada para as crianças, mas acessível também para aqueles que as levam ao cinema - que reune quatro contos curtos que parecem mais lendas. Sob a justificativa de quem conta um conto aumenta um ponto, Marieta Severo conduz e costura uma série de capítulos sensíveis e dotados de moral. Se nem todos são tão bons, vale destacar aqueles em que atuam os brilhantes Gero Camilo e Paulo José.
Por fim, fiz da minha última ida a Mostra mais uma chance de ver um filme nacional: Estômago. No começo, achava que o filme seria mais um daqueles novelescos típicos da GloboFilmes, mas a historia vai ganhando forma e, especialmente pela maneira como é contada, se torna diferente do habitual, o que já é um ponto positivo. Além disso, o elenco - as revelaçoes João Miguel e Fabiula Nascimento, especialmente - corresponde e torna o filme uma grata surpresa. Sai achando que seria um forte concorrente para o premio de melhor pelicula brasileira, mas Estórias de Trancoso foi o escolhido.
Enfim, foram bons dias indo ao cinema com pretensoes minimas para depois acabar se surpreendendo com quase tudo. Agora, caro leitor cinefilo, é buscar manter o desempenho de filmes vistos no ano que vem e chegar mais perto nos chutes dos premiados. Até lá.
O frequentador da mostra é antes de tudo um forte.
ResponderExcluirfilmes franceses...La Créme...Pequenas Historias...Estórias de Trancoso...
ResponderExcluirEngraçado, até reconheço estes filmes entre a minha lista de seleção para a Mostra... fico feliz que vc tenha-os visto (por mim). Gostaria de saber mais sobre eles...
Aaaaaah, nada como a Mostra...
ResponderExcluir