.

São 16h44, mas isso pouco importa. Eu não sei aonde eu estava com a cabeça quando criei a primeira expectativazinha de ir até lá com você. O fato é que não fomos. E por N motivos, todos questionáveis a meu ver. Só que eu resolvi seguir o combinado e fui aonde íamos.

E em tudo, meu Deus!, só via você. Almocei com a minha blusa e o celular, do qual eu esperava o toque que não viria. Engoli a comida (rápida, diga-se de passagem), dispensei o café e pus-me a andar pela rua.

Na livraria, via seus olhos brilhando na seção de DVDs, suas explicações sobre livros que nem ousaria olhar se não te conhecesse. Até no comentário "vamos, amor, vai começar o jogo", de um senhor do meu lado, eu te vi! É a frase típica do teu pai, lembra? E as revistas italianas? Também as vi nas suas mãos.

De volta à rua, via suas risadas sempre espontâneas sobre meus comentários dispensáveis. Suas observações sobre eu fazer jornalismo e você outra coisa. Suas interjeições deliciosas em cima de qualquer assunto. Suas sacadas inteligentes que eu sempre quis ter.

É, eu sei. Não tinha que ser assim. Eu devo ter transparecido meu desconforto para o resto da rua, já que todo mundo insistia em me olhar diferente. Confesso que eu torci para você me surpreender e aparecer do nada. Linda, adorável, única.

Mas não: segui sozinho. Evitei barracas, turistas, ambulantes, mendigos, transeuntes. Só queria chegar em casa, mesmo que tivesse a certeza de que não te veria por lá. É, eu não consigo perder algumas pessoas. E hoje, além do sol que já se põe lá fora, sinto que perdi um pouco de você.

Por Julio Simões, em algum domingo triste do meio do ano passado.

0 comentários: