Dia desses, num café qualquer da região da avenida Paulista...
- Acho que vou no cinema hoje. É minha folga. Tô pensando em dois filmes - lancei na mesa.
- Ah, é? Aposto que são dois brasileiros - respondeu, em tom desafiador.
- Claro que não. Só um, acho.
- Viu? Pelo menos um. Quais são?
- Um é Proibido Proibir e o outro... não! os dois são brasileiros!
- Hahaha. Sabia.
Foi a partir desse diálogo que percebi que as minhas últimas idas ao cinema tinham sido para conferir a produção cinematográfica nacional. Nada de patriotismo, 'ame-o ou deixe-o' ou anti-hollywoodianismo. Apenas gosto das propostas, histórias e atuações brasileiras que, cá entre nós, melhoraram absurdamente desde O Quatrilho, dirigido por Fábio Barreto, lançado no longínquo ano de 1994 e indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro no ano seguinte.
Enfim. Pelo que lembro, o primeiro dessa série nacional recente que vi foi Baixio das Bestas, de Cláudio Assis. É forte, rude e faz questão de retratar aspectos do sertão nordestino que nenhum metropolitano imagina. Mesmo assim, sai do filme achando que aquilo tudo - cenas de sexo, violência explícita contra a mulher, sofrimento e humilhação - era só para chocar. Pura e simplesmente para deixar inquieto o espectador. Ainda assim, o filme tem valor. É bem gravado, tem bons atores e, se for essa a intenção, acredito que chega bem perto da realidade.
Depois, se minha memória não falha, fui conferir Cartola. O documentário sobre o sambista carioca da velha guarda da Mangueira ao menos cumpriu o que eu queria: conhecer mais do já falecido compositor. Porque de resto, o filme é monótono e pretensioso demais. Aquele que quer abraçar tudo ao mesmo tempo agora. E isso faz com que Cartola seja retratado em partes pouco aprofundadas, apesar das boa pesquisa de imagens e som feitas pela equipe. Mesmo assim, serviu para conhecê-lo melhor e aumentar a vontade de ir ao Rio de Janeiro.
Como terceira escolha recente de filme, fui a Proibido Proibir. Elogiado por uns, criticados por outros, cheguei ao cinema sem um conceito inicial de 'deve ser bom' ou 'é provável que seja ruim'. E foi melhor, porque consegui encontrar momentos bons e ruins. Destaco como positivo as referências e a representação do que é a política para os jovens deste início de século XXI, mas senti falta de um roteiro mais consistente. Mesmo assim, é melhor que cada um tire suas próprias conclusões. Em tempo: a presença da bela Maria Flor vale a ida a sala mais próxima.
Pois bem. Até agora foram estes, mas estou propenso a ir em outros dois, um deles com muita expectativa. Pode ser que vá assistir Meteoro, que retrata a vida de brasileiros - operários que vão construir uma rodovia, no caso - esquecidos numa região do nordeste durante a época da ditadura. Mas pode ser que veja Não por acaso, não por Rodrigo Santoro, mas pelo Elevado Costa e Silva, pela sinuca e pela temática do filme. Sim, é este que citei no diálogo inicial. E é este que espero com ansiedade desde que vi o cartaz, há algum tempo. Vamos?
Películas verde-amarelas: Sem legendas
16.6.07 Por Julio Simões às 12:05
Marcadores: Películas verde-amarelas
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8 comentários:
Eu lembro desse diálogo.
Vc está se convertendo, rapaz.. Cuidado!
P.S.: Vc gosta do Elevado e não escreve nada sobre *aquele* curta? Ah, tudo bem, o post já tá RTV demais.. haha!
Bjo :)
Putz, eu de cinema brasileiro tô deixando a desejar. Quando você quiser me dar dicas eu aceito, tá?
Um beijo!
Adorei "Proibido Proibir" e, também, é claro, me apaixonei pela Maria Flor. :)
Tô muito a fim de ver "Cão sem Dono", do Beto Brant, e "Não por Acaso". Este último, se tudo der certo, já vejo daqui a pouquinho, ainda hoje, neste belo domingão de folga. Ê!
Eai conterrâneo, curti o blog !
nunca te disse, mas acho bem interessante o modo de vc classificar seus posts em "caixa preta", "ficção?", "pequenas teorias cotidianas"... mais algum? Diz mto!
é, minhas madrugadas costumam render bons frutos... pena que logo o dia amanhece e elas acabam!
...
ah, seu blog ta ficando muito famoso... muitos comentarios! perde o valor do meu! nem to mais com vontade de comentar... mas tudo bem, vai...
Cara, faz ANOS q nao vou no cinema. Preciso e quero MUITO. ferias q me aguardem! vamos?
Hum...agora que você tá pop e com tantos comentários precisa atualizar maaaaaaaais...
Beijo!
Eu acho que eu também lembro desse dialogo...
E como assim, em tom desafiador?
Bom, o importante é que mais uma vez eu acertei...HAHAHAHA
Bjos
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