A falta que me faz o tempo não pode ser medida em números.
Quero perder tempo, sim!
Perder num gramado verde, vendo a grama crescer semanalmente.
Perder num sorriso lindo e singelo, vendo cada músculo se alinhar ao redor da boca para compor a felicidade.
Perder no céu estrelado, vendo cada pontinho piscar, acender e apagar, nascer e morrer.
Perder numa xícara de café bem quente, vendo a fumaça ganhar contorno, criando figuras reais ou imaginárias.
Perder imerso no perfume suave e doce, sentindo cada pedacinho seu seguir do pescoço até as narinas.
Perder entre as palavras mal escritas em papel amarelado, vendo como cada letra, quando junta da outra, traz à tona um universo de sensações indescritíveis até pelos melhores adjetivos do mundo.
Quero perder tempo, sim! Assim.
Por Julio Simões, de uma Starbucks, em 10 de dezembro de 2007.
Assim
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Rapaz... Tu continua cada vez melhor, né? Empresta um pouco dessa inspiração para os pobres mortais, pô! Hehehe.
Ah, e gostei da parte "de uma Starbucks", hahaha...
Mais uma vez, sensacional!
Ah, eu sabia que eles colocavam alguma coisa no café... hahaha.
Beeijo! ;)
Poético. Lírico. Bucólico, até.
...
incrível como o tempo que se leva para ler um texto curto como esse parece se estender e se desdobrar em cada sensação descrita sobre as simplicidades da vida... como se nesses últimos 5 minutinhos tivesse se passado meia hora. Como se de repente o tempo parasse, e tudo parasse, e o tempo agora estivesse a nosso dispor. E como se pudéssemos segurá-lo com força e dizer-lhe: não vá embora.
...
PS. 'ficção?'?
PPS. vale correção? 'traz'
Postar um comentário