Velhos amigos

Confesso que não foi apenas o olhar, as emoções e as ações do personagem Léo, brilhantemente interpretado por Dan Stulbach, que me fizeram praticamente venerar a minissérie global Queridos Amigos. Desde que ela entrou em cartaz (sim, porque está mais para um belo filme do que uma mera novela) eu comento com todo mundo quando posso.

Tenho certeza que também não foram apenas as boas interpretações de Matheus Nachtergaele (como o comunista Tito) ou Bruno Garcia (como o barbudo escritor Pedro Novais) que me fizeram querer estar à frente da televisão em quase todo fim de noite, após mais um capítulo do monótono Big Brother Brasil.

Na verdade, o que me fez gostar tanto da trama foram, sim, os queridos amigos. Perdão pela tentativa infâme do trocadilho, mas foi isso. O fato de Léo sonhar com a própria morte e passar a buscar obsessivamente viver mais próximo dos antigos amigos, tentando reconciliá-los e fazendo com que eles também se valorizassem mais, é que me fez chegar aqui.

A primeira coisa que eu pensei quando vi o primeiro capítulo, que você pode conferir lá embaixo, foi nos meus antigos amigos. Alguns deles eu conheço desde quando eu nasci, praticamente. Outros, fui agregando ao longo da vida. Todos eles tem um peso especial para mim, e me fazem praticamente "mover montanhas" para encontrá-los.

Um deles se formou em engenharia ambiental no começo deste ano e eu vejo pouquíssimas vezes, muito por conta das minhas raras visitas à cidade que por anos serviu como cenário de nossas vidas, mas também pela distância dele da terrinha. E este também é o motivo que me afasta de outros grandes amigos, como o que faz relacões internacionais, o que faz agronomia e do que já se formou em ciências contábeis.

São eles quatro, somados a outras figuras importantes cuja referência não será feita por mera falta de espaço, que me vieram a cabeça quando a minissérie começou. As reflexões, então, foram inevitáveis. Até quando vou ter notícias deles, se cada vez mais eu me afundo em compromissos e responsabilidades, assim como eles também nas suas obrigações? Até quando eu vou ter pique para fazer o possível para revê-los? Não sei, infelizmente.

Agora pense você nos seus. Isso, seus amigos de longa data, aqueles que, por força do destino, você precisou deixar. Não é triste saber que você não terá nada além de notícias vagas deles? Eles vão se mudar de cidade, trocar de emprego, trabalhar com coisas que você provavelmente não trabalharia, casar, ter filhos. E você, que também vai passar por tudo isso, só ficará sabendo bem depois. Vai se sentir bem por um instante, por eles, mas logo em seguida volta a ser sozinho.

Triste, eu sei. Agora pense adiante. Você tem amigos hoje, convive com eles quase diariamente, vive coisas maravilhosas e memoráveis a todo momento. Só que um dia os vínculos se quebram, vocês são obrigados a parar de conviver no mesmo ambiente, geralmente porque o que faziam em comum se encerrou. Aí começa tudo de novo. Enfim. Será preciso estar perto da morte para tentar ter novamente os velhos amigos por perto? Será esta a condição de todos nós?

4 comentários:

Milly disse...

O vídeo ficou fora do ar. :(
Nossa, que post mais apocalíptico, Julio.. Deve ser o quarto ano hehe. Eu fico meio agoniada com histórias que me obrigam a refletir sobre o passado, mas qualquer dia eu juro ter paciência pra ver (tenho medo de chorar hahaha).

(ah! um merchand grátis básico... achei os episódios pra download aqui: http://www.rededownload.com/download-queridos-amigos/ )


beeeeeijo :*

Anônimo disse...

Admito que também gostei da série, embora não faça a relação com meus próprios queridos amigos.

Mas é impossível não lamentar mesmo o que o tempo e a distância faz com as amizades. Os de antes já estão se distanciando, os de hoje irão se distanciar...

Fazer o quê? Lamentar?

Anônimo disse...

A série é foda mesmo, e o seu post foi mais foda ainda!

Mas não entrego facilmente os pontos quando se trata de grandes amizades, não... Ainda mantenho contato com o pessoal do colégio, por exemplo. Com o da faculdade, também. Telefone, blogs e botecos da vida existem para isso, não?

C. Dayan disse...

eu não sou sua velha amiga, mas sou nova ;0)

Beijo, querido