As horas, o tempo

Sempre quando retorno a Promissão, o que não acontece tão frequentemente assim, consigo enxergar uma nova cidade. Seja pela pintura renovada de alguns locais ou até pelo aparecimento de algumas construções, que parecem surgir por brotamento.

Da última vez que fui à terrinha, porém, uma coisa fora do lugar me chamou a atenção. Me horrorizou, até. Afinal, caro leitor, como é possível alguém trocar um relógio histórico por um marcador de horas digital?!?

Como pode um patrimônio desses, mesmo estando "fora de serviço" desde que eu existo, ser trocado por um retângulo de dígitos verdes, impossíveis de enxergar mesmo estando embaixo dele?

Pois foi isso que aconteceu. Era um relógio de, creio eu, aproximadamente 50 anos, colocado no alto de uma das principais praças da cidade, como homenagem ao início da imigração japonesa no Brasil.

O problema, além do político, é que fatos como esse me colocam frente à lembranças de que o tempo passa, de que me distancio das coisas e que tudo muda, desde a fisionomia da cidade até a minha. A mudança é inevitável, eu sei.

E em algum momento aquele relógio ia sair dali, fato que ninguém pode evitar. Só me pergunto para onde vão todas as velharias, desde as antigas lembranças às velhas manias? E para onde foi o velho relógio histórico, hein?

Por Julio Simões, em 17 de agosto de 2007.

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