Buenos Aires: parques, cafés e o silêncio

São cinco horas da tarde no bairro de San Telmo, em Buenos Aires, capital da Argentina. O ritmo não é veloz como o de São Paulo, mas as pessoas ainda caminham pelas calçadas em ritmo de trabalho. O sol ainda permanece alto, tão radiante quanto o exposto no centro da bandeira nacional.

Mesmo assim, algumas pessoas param para curtir o gramado verde e uniforme do praça de San Martin, localizado ao final da rua Florida, ou calle Florida no dialeto local. Todas contemplam o tempo, sentadas ou deitadas sobre o tapete verde. A tranqüilidade é contagiante, dá vontade de fazer o mesmo.

Alguns casais aproveitam a vista para se aproximarem uns dos outros. Do lado, um grupo de crianças corre ladeira abaixo e alguns vão rolando pela grama. Lindo. Alguns ainda vestem suas roupas de banho para aproveitar o verão portenho. Se não há praia por perto, devem pensar, vamos ao parque mesmo.

Retrato


Assim são os espaços públicos verdes de Buenos Aires. Como uma cidade planejada que é, estes locais bucólicos e paradisíacos são mais comuns do que se pode imaginar. E este é o grande trunfo da cidade, que apesar do desenvolvimento de uma metrópole ainda soube preservar tais ambientes.

Além disso, Buenos Aires também se caracteriza por ser uma cidade de poucos ruídos. Não se ouve buzinas como em São Paulo, provavelmente a capital mundial do motorista impaciente. Os argentinos também falam baixo. Ou melhor, falam num tom normal, sem gritos nem discussões.

Tapete


E isso faz com que a cidade tenha um som harmonioso, gostoso de ouvir. Mais agradável que isso só parar para ouvir o som natural da cidade nos inúmeros cafés que compõem as principais vias da cidade, como a avenida Nove de Julho. Perfeito.

E elas estão lá, as cadeiras e mesas, prontas para você. Vale a pena passar antes em alguma banca de jornal (ou kiosco, como chamam) e adquirir um periódico – aconselho Clarín – para passar a tarde exercitando o espanhol e curtindo a paisagem.

Cafés


Como não poderia deixar de ser, foi o que fiz. Numa manhã ensolarada como poucas, parti em busca de um Clarín e de um lugar para sentar na via mais famosa da capital argentina. Naquela hora, ainda de manhã, era pouca a movimentação de carros e pedestres, o que deixava ainda melhor a situação.

Porque, além de tudo, a cidade de Buenos Aires deve ser contemplada assim, em seus mínimos detalhes. Quando for, saia à rua num exercício de flanêur. Busque cantos calmos, de paisagem até certo ponto comum, mas cheio de magia. Respire fundo e pense na vida. Faz bem.

Mais fotos de Buenos Aires no Flickr: http://www.flickr.com/photos/juliosimoes

1 comentários:

Lui disse...

De tão maravilhoso desenterrou até o flanêur? Deve ter sido bom mesmo! Um dia a gente troca o terceiro andar da Cásper pela 9 de Julho da argentina, tá?