Buenos Aires: turismo para reconstruir

No final de 2001, o povo argentino reuniu-se em frente à Casa Rosada, sede do governo federal, para protestar contra o então presidente Fernando de la Rúa. Munidos de panelas, as pessoas gritavam contra uma crise que vinha crescendo há algum tempo e estava fazendo com que o argentino “empobrecesse”, já que o peso argentino não tinha mais a mesma força que o dólar.

Menos de dez anos depois, passaram as manifestações, trocaram o governo do país mais algumas vezes e desde então a Argentina vem se reerguendo. E uma das formas em que os nossos hermanos apostam para voltar a viver em condições dignas é o turismo. Mesmo passando apenas cinco dias na capital argentina, Buenos Aires, é possível ver como eles sabem capitalizar bem os pontos turísticos que tem.

La pasión boquense


Não sei se por viver numa capital aonde o turismo parece se esconder em meio ao caos urbano, mas o fato é que me admirou a capacidade argentina de explorar o turismo que tem. Nas ruas do centro, além de relativamente bem cuidadas, é muito fácil achar um “locutório” para ligar a um custo qualquer parte do mundo. Além disso, não são raros os pontos de informação turísticas espalhados pela região da avenida Nove de Julho.

Tango en la calle


Se não bastasse essas mínimas atitudes de uma cidade que se considera turística, Buenos Aires ainda sabe o que oferecer aos visitantes. Tem belas e bem cuidadas praças, oferece segurança e facilidade para o turista se locomover pelas ruas sem se preocupar e ainda sabe explorar os pontos turísticos propriamente ditos. Em vários lugares você se depara com lembranças (ou regalos) ou com opções de visitas guiadas – e cobradas.

No bairro do Caminito, por exemplo, é possível ver apresentações de tango ao ar livre e ainda comprar o artesanato local. Em La Boca, a visita dentro do estádio do Boca Juniors, a famosa La Bombonera, tem um custo – e no Museu de la Passion Boquense outro, mais caro. A popular feira de San Telmo, então, realizada aos domingos, é a festa daqueles que vivem do artesanato e do turismo local.

Artista


Tudo isso pode parecer óbvio, mas acredito que não é. Buenos Aires é a cidade-sede das maiores empresas do país e tem representantes de tantas outras corporações influentes do mundo, é onde está instalado o poder executivo – com a sede do governo e a residência presidencial bem perto do povo, inclusive – e ainda tem espaço para ser atraente turisticamente.

É admirável, então, o quanto São Paulo não sabe ser assim. Odeio comparações, mas é impossível não olhar a planejada Buenos Aires e pensar como não soubemos transformar uma das maiores cidades da América Latina num lugar mais rentável turisticamente. Medidas simples e investimento na infra-estrutura trariam para São Paulo ainda mais força continental. Temos quase tudo a oferecer, creio eu. Só falta organizar.

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