Si, nosotros hermanos son rebeldes!*

Quando estive em Buenos Aires em janeiro deste ano, uma das coisas que mais me chamou a atenção na cidade foram as pichações. Seja nas paredes do centro da cidade ou nos monumentos históricos, a grande maioria delas representavam alguma coisa, não eram apenas "demarcação de território", como aqui no Brasil.

A principal motivação das que vi, aliás, era política. Perfeitamente compreensível para um país que passou por uma crise econômica e política recente. Mas a minha dúvida maior ao ver os prédios sujos daquela maneira era uma só: será que o povo argentino é tão politizado quanto parece ser na televisão e nessas atitudes? Será que pelo menos eles tem mais veia política do que a gente?

A viagem terminou e eu não consegui saber a resposta ao certo. Nas minhas conversas com argentinos, tentava abordar o assunto, mas eles não esclareciam muito as minhas dúvidas. Com um taxista, por exemplo, consegui saber que o país tem melhorado muito, mas que ainda há muita gente se desdobrando em dois empregos para conseguir um salário minimamente decente.

Mesmo assim, só agora a resposta sobre a atitude política do argentino parece ter vindo. No dia 9 de abril, toda a Argentina se mobilizou e provocou a primeira greve geral desde que o presidente Néstor Kirchiner assumiu a presidência, em 2003. A segunda-feira de paralisação foi motivada pela morte do professor Carlos Fuentealba, baleado por policiais durante protestos por melhores salários na província de Neuquén (sul).

Quando soube da notícia, logo me veio a cabeça a velha questão, seguida da conclusão esperada. Sim, a Argentina é assim mesmo, politizada, preocupada socialmente, diferente daqui. O que dá pena mesmo é ver que o Brasil, com problemas tão graves quanto, não se mobiliza para nada, só para o Carnaval. Isso sem falar que a motivação do protesto argentino - a educação - nunca se repetiria por aqui. É triste, eu sei.

* Qualquer falha na expressão usada no título, peço perdão. Solo hablo un español muy canalha. Siempre!

1 comentários:

Anônimo disse...

hum... e aí, será essa motivação um fator cultural do povo argentino? ou será que as heranças poíticas tb têm seu dedinho aí? ou se preferir... ao que estará atrelado o uso do espaço público? ok, não te encherei mais com essas questões... mas fico feliz que elas tb façam parte das suas indagações!

beijos, Julio