Pequenas teorias cotidianas II: a gravidade e os celulares

Não é difícil ver aquela cena terrível: o desligado esbarra ou deixa cair seu celular de ultimíssima geração no chão de paralelepípedo, na piscina ou de uma altura equivalente a um prédio de quinze andares. Tirando a segunda opção, que envolve água, garanto que é possível salvar seu celular dessas situações sempre constrangedoras. Graças a uma extensa pesquisa, conclui mais uma pequena teoria cotidiana digna de estar em qualquer caderno científico.

O princípio básico da tese, meu caro, é ter absoluto desprezo pelo aparelhinho no momento seguinte a queda, mesmo que ele tenha custado toda o seu fraco salário de estagiário (acumulado durante o ano todo, diga-se de passagem). Explico: celulares tem personalidade, tem coração. E o momento de descuido do dono é quando eles aproveitam para saber se são amados ou não. Assim, quando um celular cai no chão, a reação dele é se fazer de frágil, desprotegido. Um ator, praticamente.

Só que se você dá a atenção que ele quer - ou seja, morde a isca do safado - ele se desmancha todo ali mesmo, no chão. Literalmente até, eu diria. Com isso, os astutos pesquisadores concluiram que, se você não der a mínima para o aparelho quando este cair no chão, ele se manterá intacto. Decepcionado com sua reação fria, mas ainda intacto. No máximo, vai ganhar uns arranhõezinhos, mas nada que o leve à assistência técnica, lugar tão temido por eles quanto o veterinário para os cães.

Desde que suspeitei desta pequena tese cotidiana, agora provada por A + B pelos tecno-cientistas, nunca mais deixei o meu Siemens fazer esse "joguinho" barato. Talvez por isso ele ainda continue ativo após algumas quedinhas. A bateria dele está um pouco fora do lugar, é verdade, mas ele ainda faz ligações e manda mensagens. É de se admirar, porém, que só agora um estudo dessa magnitude tenha vindo a público. É tão importante quanto saber quais as conseqüências do desmatamento da Amazônia. Fundamental, diria.

1 comentários:

Anônimo disse...

Acho que somos como os celulares, ou pelo menos eu sou como o celular da sua preciosa teoria. Por tanto, quando eu cair não me olhe com dó, rs. A queda faz parte e a gente continua funcionando. =D
Beijo