Películas verde-amarelas II: Ver a vida ou viver?

Nem me lembro bem quando foi a primeira vez que topei com alguma referência à Não por acaso, filme paulistaníssimo de Philippe Barcinski, estrelado por Rodrigo Santoro e Leonardo Medeiros. Na película, os renomados atores são, respectivamente, Pedro e Ênio, dois obcecados em controlar qualquer situação. Seja as variações de jogo de bilhar, atividade de Pedro, ou o trânsito da metrópole, função de Ênio. A história muda quando eles tem que enfrentar situações de perda que, inclusive, se cruzam na trama.

Realmente não sei como soube do filme pela primeira vez. Provavelmente li alguma reportagem sobre o assunto ou vi o cartaz em algum cinema por aí. O que eu tenho é certeza é que o filme me conquistou antes mesmo da exibição do trailer. Primeiro por envolver duas coisas que eu tenho gostado cada vez mais desde que cheguei a São Paulo, há três anos e meio: a sinuca e o Elevado Costa e Silva, também ridiculamente conhecido como Minhocão.

O primeiro eu experimentei algumas vezes com amigos e confesso que é um dos jogos mais divertidos, já que no caso de meros amadores envolve muito mais sorte do que técnica. O segundo eu me apaixonei quando, ao voltar de uma pauta, tive o prazer cruzar o Elevado no final da tarde de um dia ensolarado. A sensação de passar dentro da casa das pessoas - que acaba ficando no nível da rampa, bem pertinho - e ainda enxergar o bater do sol naquela montanha de prédios é única.

Só isso já era suficiente para eu ir ao cinema. Sem contar que me interessei ainda mais quando soube do que tratava o roteiro. Enfim, me identifiquei totalmente com a proposta. Eis então que, quase um mês depois da estréia nos cinemas, fui conferir a trama. Agora sim posso dizer: o filme é belíssimo. Desde as cenas de São Paulo até a interpretação de Santoro, Medeiros e das belíssimas Branca Messina, Graziela Moretto e Letícia Sabatella, além da jovem Rita Batata.

É um filme que eu queria fazer. Porque, de um tempo para cá, eu avalio assim. Divido entre os filmes que eu gostaria de fazer e os que eu dispensaria. Esse é sensível e prova o desenvolvimento crescente do cinema nacional. Ok, eu sou um entusiasta da produção nacional, mas esse vale a sua ida ao cinema. Nem que seja para sair de lá e pensar um pouquinho no valor real que você dá às coisas que acontecem na sua vida. Vá para saber se vale a pena ficar parado ou se é necessário se mexer para dar sentido à vida.

Curtas e grossas:

Próximos capítulos -
Eu sei que eu deveria me tocar e ir assistir Piratas do Caribe, Homem-Aranha ou Treze Homens e Um Novo Segredo, mas a questão é que eles não me interessam tanto quanto as novas produções nacionais. Tanto é que eu já estou de olho em outro: Saneamento Básico, o Filme. Mais uma criação de Jorge Furtado, a história de uma comunidade que quer construir uma fossa, mas descobre que o município só tem verba para a realização de um filme, tem estréia prevista para o dia 20 deste mês. Agora é só esperar...

O cãozinho tem telefone? -
Prosseguindo minha saga por filmes brasileiros, dediquei uma de minhas folgas para ver a pré-pós-estréia de Cão Sem Dono (sim, a première aconteceu dois dias depois de entrar no circuito). Mesmo com o desconforto da sala casperiana, deu para ver que o filme tem valor. Apesar do começo confuso, a história se desenvolve e começa a ganhar forma. Em meia linha, pode-se dizer que a história se constrói em cima do envolvimento entre dois jovens: a ambiciosa Marcela e o conformado Ciro.

E o destaque do filme é mesmo a relação humana, bastante discutida nas ações do filme. O melhor, no entanto, veio depois: o debate com os diretores Beto Brant e Renato Ciasca e a presença extraordinária de Tainá Müller, que vive Marcela na película. É curioso saber detalhes da produção, da adaptação do roteiro (baseado no livro de Daniel Galera, "O dia em que o cão morreu") e ainda ouvir opiniões sobre a mensagem passada no filme. Melhor que isso? Só ver a mais nova musa do cinema nacional ao vivo, sem cortes.

1 comentários:

Diana disse...

na verdade ainda não li o texto. é só pra responder seus 2 comentários.
1) Nada a dizer? e eu justo gostei tanto daquele texto... está certamente entre um dos meus preferidos (entre os meus, claro!)

2) To alucinando de tanto trabalho na revista... mas quando eu respirar um pouco a gente faz alguma coisa sim! prometo. pensarei em algo!