Sunday morning

6h20. Ela levanta na ponta dos pés, sem pudor de desfilar pelo quarto ainda toda nua. Contorna a cama, calça os chinelos uns quatro números maior e segue para o banheiro. Ela é simplesmente a melhor visão para um domingo de manhã. As curvas do corpo, o balançar dos quadris, o cabelo desarrumado sobre o resto. Tudo nela parece ter um único propósito: encantar.

6h40. Ela sai do banheiro, veste apenas o roupão. Parada, me observa na cama. Sinto uma respiração relaxada, beirando a felicidade plena.

6h50. Ela volta ao quarto - havia saído - e vem até o canto da cama. As mãos, macias e frescas, tocam as minhas costas. Eu arrepio, ela percebe, eu finjo dormir.

7h20. Ela volta a sair do quarto, desta vez em disparada. O roupão que a cobria voa, o que me lembra uma fada voando pelo céu azul.

7h30. A surpresa: linda, ela volta ao quarto com uma bandeja, com café e torradas - afinal, era só o que havia nos armários. Esfrego os olhos fingindo não acreditar. O sorriso dela reluz no quarto todo.

7h50. Já deitada ao meu lado, ela se assusta e diz a frase mais temida: "preciso ir". Silêncio.

8h10. Com passos de dança quase ensaiados, ela se troca, pega as chaves e a bolsa. Um beijo com gosto de pasta de dente e a certeza que a felicidade existe, mas que infelizmente não é para sempre.

Por Julio Simões, em 26 de fevereiro de 2008.

3 comentários:

Ane Talita disse...

É...o que existe são momentos felizes....O que temos que fazer é aproveitá-los e parar de procurar a felicidade constante...

beijão.

Felipe Held disse...

Droga de dejavu.

Mas a sua frase resume tudo, cara: a felicidade existe, mas não é para sempre. Infelizmente.

Camila Dayan disse...

apesar de vc não merecer eu digo: essa eu já conheço! E gosto. Nas suas ficções tão reais eu me encontro.

sem beijo, só um sorriso - e não é largo.

Já D'propositei, agora pára de ser chato e depoje, coisa nenhuma.